terça-feira, 11 de maio de 2010

Saudade sem lágrimas

Tive este sonho no domingo do dia da mães, a data explica algumas sensações...
Estava entrando numa casa, e rumava para o quintal, onde sabia que todos estavam, era um encontro de família, ao passar pela última porta, vejo minha avó parada, com um vestido conhecido e um sorriso no rosto. Como nos outros sonhos com ela, após sua passagem, apenas eu conseguia vê-la. Fiquei muito feliz, não cabia em mim, fui abraçá-la, desejei-lhe feliz dia das mães, e comentei o fato de que fazia tempo que não nos víamos (em sonho mesmo). Adorei a visita surpresa, não estava esperando, acho que de tanta felicidade do reencontro, ela falou (em outras ocasiões era apenas uma troca de olhares ou pensamentos). Guardo suas palavras como o nectar da mais rara flor: "Vim para te ensinar uma coisa".

Após dizer isso me conduziu para o fogão, onde ela comandou, acendeu o fogo e começou a falar de sua infancia. O fogão era antigo, desses que morro de medo de ligar, só funcionam com fósforo, senti o alívio dela estar ali, e realizou a tarefa com a maior simplicidade. Ela contou que sempre fazia isso quando ia receber, e que quando sentia saudades, fazia apenas pelo prazer da realização. Uma cebola foi descascada, e eu apenas observando, uma panela foi preparada com azeite extra-virgem (não estou exagerando nos detalhes, sentia o cheiro), e no seu tempo, as rodelas começaram a gritar em contato com o calor do azeite. Enquanto fritava, ela mencionou seu tempo antes de vir ao Brasil, e seu tempo de solteira, cuja lembrança era mais forte, lembranças que já não faziam mais parte de seu ser, a liberdade, a nostalgia, o agora lhe eram diferentes. Algumas coisas eu me impressionava, riamos, percebi o quão pouco a conhecia, também, 15 anos não é absolutamente nada, comparados com 80. Acordei feliz, pelo abraço, pela conversa, e meu filho me dizendo que na tv dele já era dias das mães.
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