sábado, 6 de agosto de 2011

O deserto

Caminhava com uma pessoa conhecida em meio ao deserto. Conversávamos sobre visões, sobre o oculto. Procurava por alguma visão, algum objeto, algo que pudesse focar meus olhos, mas não conseguia ver nada além de areia e sol. Tudo parecia não ter fim, mas não incomodava nem um pouquinho. Por horas, parecia que simplesmente caminhávamos por uma rua movimentada, com prédios altos e pessoas apressadas na calçada, mas sempre que pretendia observar alguma coisa mais a fundo, voltava ao deserto, ao sol.

Estava descalça, e sentia toda a textura da areia, ouvia as palavras daquele que passou a ser minha única referência, lembro-me pouquíssimo de suas palavras, apenas algumas soltas: consciência, caminhar.

Meus pensamentos confundiam-se com as palavras do guia, e a que mais lembro foi quando pensei em minhas mãos, mas não as olhei, sequer fiz qualquer movimento. Nesse momento, percebi que despertei, sabia-me sonhando e de repente, tudo passou a ser muito distante, até abrir meus olhos. Voltava a fechar, com a esperança de voltar ao deserto, mas ele voltou a apenas como uma lembrança, algo como vemos uma foto: não conseguimos entrar nela e vivenciá-la novamente.

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