terça-feira, 12 de julho de 2011

O enigma

Conseguia observá-lo ao longe, estava com um capuz que escondia seu rosto, mas seu andar era inconfundível. Parecia apressado, tropeçava a toda hora pelo caminho. Seguia seus passos em silêncio, omitindo-me nas sombras da cidade adormecida.

Pela manhã havia recebido um aviso, escrito num bilhete de papel amarelado, colocado por baixo de sua porta: devia encontrá-lo no casarão ao final da rua. Sua caligrafia continuava a mesma, e assinava apenas com uma letra: T. (sua inicial?)

Conhecia-o há anos, mas por algum motivo, não tinha notícias há um bom tempo. Sempre fora misterioso, mesmo depois de tanto tempo, seu nome ainda era uma simples consoante. Quando encontraram-se pela primeira vez, ainda era uma criança, e não sabia bem como mas, o havia chamado. Ainda guarda com certo respeito a lembrança de seus olhos refletindo o fogo dos pilares em chamas. Hoje, quem a chamou fora ele.

Acompanhava-o de longe, apenas por cautela, como ele próprio já ensinara: acredite, mas desconfie se tiver chances.

Ele seguiu diretamente para o casarão. Não restavam mais dúvidas, tinha que ser ele! Mesmo assim, aguardou mais alguns minutos, precisava ter certeza. Um ato de desatenção poderia custar-lhe a vida. Sabia que ele odiava esperar, e assim o observou, tranquilamente, a caminhar de um lado para o outro, olhando para o céu de vez em quando, como que para nortear-se no horário. Se houvesse alguma chance de ser uma farsa, esta era então perfeita!

Ainda pelas sombras, seguiu em direção à casa, usando o portão lateral, assim somente seria vista quando já estivesse bem próxima. Ele porém, pressentiu sua chegada, parou olhando ao redor, em busca de um movimento qualquer, quando a avistou no quintal. Sorriu por baixo do capuz: a criança havia aprendido a lição, e havia crescido também.

Sem palavras, pediu para que se sentasse, apontando para um banco de madeira próximo ao que um dia fora uma mesa. Ele aproximou-se, tirou o capuz, e buscou em suas vestes algo que parecia uma bolsa. Colocou-a em cima da mesa, e dela tirou 4 objetos: uma xícara de chá, rosas brancas, uma pedra vermelha, e uma colher. Guardou a bolsa junto ao corpo, vestiu novamente o capuz, virou-se caminhando em direção a rua. Em poucos minutos já estava fora de vista.

Ele mais uma vez me entregara um enigma. Qual seria a resposta?

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