quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O Encanto da Montanha



A noite estava fria e úmida, um uivo distante amedrontava um passante distraído. Eu, observava todo movimento da mata através da janela de meus aposentos. Um quarto simples, para hóspedes, com banheiro ao fim do corredor. Todos já se haviam retirado e tudo permanecia em silêncio. Qualquer ruído pareceria um estrondo.

Ainda estava próxima a janela quando senti. Não sabia exatamente o que, mas, pelos deuses, era absurdamente agradável. Se pudesse escolher, desejaria morrer com essa agradável sensação. Olhei para os pés da montanha aonde terminava a floresta, e ali vi uma luz avermelhada. Não tive dúvidas, agasalhei-me, troquei o calçado e corri para fora.

Hesitei a enfrentar a floresta, mas a luz que sabia que encontraria me motivava. Segui em frente. Cada galho que pisava anunciava minha presença aos seres que ali poderiam habitar. Árvores centenárias completavam o cenário, suas copas fechavam toda e qualquer luminosidade que quisesse aproveitar da lua cheia, que preenchia a céu. Mesmo sem enxergar direito, conhecia aquele caminho até de olhos fechados.

Comecei a ouvir uma música distante e vozes felizes, algumas pareciam cantar, juntando-se a melodia. A Grande Mãe me chamava e eu nada mais temia. Cheguei ao fim da floresta. Aos pés da montanha algumas tochas iluminavam o caminho, essa era a luz que vi da hospedaria. O caminho levava para o outro lado da montanha, em uma subida leve, ladeada por flores. Pedras brancas enfeitavam todo o caminho, se as tochas se apagassem, ainda seria impossível me perder.

Ao fim da trilha um cheiro de canela pairava no ar, pessoas dançavam ao som de uma música tocada por pequeninos seres. Fui recebida por um simpático casal, que mencionou meu atraso, mas que deveria ficar a vontade e aproveitar. Tentei justificar meu atraso, mas fui interrompida: o que está feito, está feito.

Diverti-me a noite toda, não havia vontade alguma de retornar, e pra ser sincera, não me lembrava nem que precisava voltar, muito menos para onde. Aquele povo sabia como se divertir, agradeciam a natureza e dela cuidavam, assim, a noite mais curta findou e abriu caminho para um longo dia, que se tornou noite novamente e, ali passei várias noites, com seus festejos e agradável companhia.

Um comentário:

Ligia Raido disse...

Tão familiar e tão acolhedor... Beijos...

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