sexta-feira, 3 de junho de 2011

A jornada do ar - parte 3

Caminhei por 3 dias e 3 noites, parava apenas para alimentação, concedendo descansos com intervalo de 3 horas. A pressa fez com que sentisse o vento mais cruel e rude. Precisava sair do vale antes da lua encher no céu. A lua crescente me acompanhava clareando as noites que passei caminhando por entre valas e pedras. O presente da velha podia ser aberto apenas no ápice da lua, mas não podia ser aberto no vale.

Desejava com profundo ardor que valesse a pena.

Acompanhava um riacho, mas por vezes ele sumia, preocupava-me quando não encontrava uma trilha ao seu lado. Não podia afastar-me muito, pois segundo a velha "a Água lhe ensinará o caminho...", sendo assim perdê-lo de vista era inviável. Em 3 dias o Riacho me ensinou que preciso ser maleável e aprender a contornar barreiras em meu caminho. O Vento me dizia para derrubar tudo e passar pelos vãos. Minha tarefa, naquele momento, era unir seus ensinamentos.

Água e Ar o que querem me ensinar?

Por vezes a trilha mostrava-se íngreme e perigosa, às vezes estreita e úmida, oras sombria e solitária. O Vento falava animadamente todo o tempo, mas o Riacho apenas seguia seu curso, em silêncio, apenas gritando em momentos de perigo ou atenção. Comecei a me acostumar com seu jeito.

O terceiro dia foi o mais difícil, estava angustiada não tinha certeza se chegaria, o caminho pedia voltas que não só atrasavam minha chegada, como judiavam de meus músculos já cansados. Adiava os bons momentos de descanso, pois sabia que a vontade de parar "no lugar ideal" manteria-me caminhando. Isso também garantia que não parasse mais tempo que o devido.

Grande foi minha alegria, quando vi os limites do vale, ele chegava num rio, como uma linha que divide duas áreas, precisava cruzá-lo até o anoitecer. A vontade era correr, mas o caminho não permitia, queria jogar-me com o Vento, mas o Riacho pedia prudência. O caminho estava úmido e escorregadio, naquele momento, precisava apenas de paciência.

O Sol se pôs, e o entardecer dava um colorido confuso a minha volta, as margens do Rio estavam recheadas de pedras. Não encontrei ponte. A água descia da montanha, estava gelada. Consegui algo para me apoiar, uma haste, e seguindo o curso do Riacho, consegui atravessar o rio no trecho que parecia mais raso. Do outro lado, o vento me castigava, mostrando-me o quanto poderia ser cruel. Sentia cada parte de meu corpo congelando. De volta a Terra, sorri. A Lua acenava, aproximando-se de sua fase mais cheia. Estava exausta.

Havia conseguido.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quando tem o próximo capítulo? #ansiosa

Anônimo disse...

Quando tem o próximo capítulo? #ansiosa

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