quinta-feira, 19 de maio de 2011

A jornada do ar - parte 1

O vento soprava forte, a vila parecia vazia, apenas pequenos rodamoinhos davam algum movimento por onde passava. As casas eram antigas,sua pintura desbotada não deixavam dúvidas, tudo ali parecia gritar, mas o único som audível era o ruído do vento e o ranger de portas e janelas, provavelmente esquecidas abertas.

Tudo parecia ter sido deixado para trás, as pressas, sem nenhum cuidado em levar algo, apenas vestígios do que foi um dia e nada além. A vila estava abandonada e essa visão causava um torpor difícil de explicar, como se algo lhe segurasse naquele momento e pedisse ajuda.

"Traga-me de volta a vida" - o vento assobiava pelos cantos aos visitantes que por algum infortunio por ali passasse.

Nada que pudesse sussurrar seria ouvido naquele momento, pois naquele mesmo instante vi uma casa aos pés da montanha, cuja chaminé emitia uma tênue fumaça. Era o primeiro sinal de vida que encontrava depois de tantos dias caminhando.

Meus pés cansados não permitiam que andasse mais rápido e a ansiedade penalizava cada músculo para que dessem mais de si. Não era o bastante, a casa parecia distanciar-se a cada passo. Apesar do vento trazer um ar fresco e um forte cheiro de café, minha respiração ficava cada vez mais pesada, talvez por não lembrar quando tinha sido feita a última refeição. Desde que as provisões acabaram, por alguma estranha razão todo e qualquer povoado que encontrara até então estavam abandonados. Quando decidira fazer esse caminho, fizera todos os planos necessários, mas seus mapas não previam cidades vazias.

Aquela fumaça, era a única esperança.

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